Ramadão – Mês Sagrado de Jejum

Associação Ahmadia do Islão em Portugal
By Associação Ahmadia do Islão em Portugal Junho 11, 2015 07:49

Ramadão – Mês Sagrado de Jejum

RAMADÃO – MÊS SAGRADO DE JEJUM

Um breve resumo do jejum nas religiões mundiais, e uma visão pensativa sobre como o jejum é observado pelos Muçulmanos durante o Ramadão.

O Jejum é uma instituição que se encontra em todas as religiões do mundo de uma forma ou de outra. O Sagrado Al-Corão diz:

“Ó vós que credes! O jejum é-vos prescrito assim como foi prescrito para aqueles antes de vós, para que assim possais chegar a ser justos.”[1]

No Hinduísmo, o jejum é conhecido como ‘varat’ ou ‘barat’. Só ascetas são obrigados a abster-se de alimentos por quarenta dias. Para outros crentes, o processo de jejum é mais flexível; eles estão autorizados a comer frutas, beber leite e água livremente e apenas alimentos cozidos no fogo são proibidos durante o jejum. Este e mais detalhes sobre o jejum no Hinduísmo podem ser encontrados em Sanatan Dharm.[2] No Confucionismo, os crentes em jejum são obrigados a usar as roupas de linho brilhantes e  limpas e a mudar a sua comida. No Budismo, os monges e as freiras têm uma refeição ao meio-dia e depois não comem nada. Os motivos principais pelos quais eles jejuam são de saúde e para que possam fazer meditação em conforto. Além das freiras e padres, os Budistas não jejuam de modo algum, como eles acreditam que isto é o desvio do ‘Caminho do Meio’. No Judaísmo, antes do Exílio Babilônico, o jejum é denominado como ‘afligir a alma’. Em Levítico 23:27, temos: “O dia dez do sétimo mês é o grande dia das expiações. Devem convocar uma assembleia de oração, fazer penitência.” Este é um jejum anual que ocorre no dia em que Deus libertou os seguidores de Moisés(as) de Faraó.[3] Durante o Exílio Babilônico, mais quatro jejuns foram prescritos em comemoração ao cerco e destruição de Jerusalém. Há também jejuns adicionais por razões particulares, como para expiar pecados. Lemos, “E reuniram-se todos em Mispá. Foram buscar um pouco de água, derramaram-na pelo chão como oferta ao SENHOR e jejuaram durante todo o dia.”[4] Moisés(as) jejuou duas vezes na sua vida por quarenta dias. A primeira vez foi antes de receber as tábuas no Monte, e a segunda, no seu retorno, quando ele encontrou os Israelitas a praticar a idolatria.

“Quando eu subi à montanha, para ir buscar as placas de pedra, onde estava escrita a aliança que o SENHOR fez convosco, fiquei na montanha quarenta dias e quarenta noites, sem comer nem beber.O SENHOR deu-me as duas placas de pedra … e disse-me nessa altura, Anda, desce depressa, porque o teu povo, aquele que tu tiraste do Egipto, está corrompido; … Quando desci da montanha … Fui de novo inclinar-me diante de Deus, e fiquei quarenta dias e quarenta noites, sem comer nem beber, a pedir perdão do grande pecado que tinham cometido…”[5]

No Cristianismo, lemos que Jesus(as) jejuou por quarenta dias abstendo-se de comida:

“Em seguida, Jesus, conduzido pelo Espírito Santo, retirou-se para o deserto a fim de ser ali tentado pelo Diabo.Depois de passar quarenta dias e quarenta noites sem comer, Jesus teve fome.”[6]

Jesus(as) jejuou este longo período apenas uma vez na sua vida. Talvez ele não fosse tentado pelo diabo novamente. No Novo Testamento, os seus jejuns de quarenta dias foram mencionados apenas uma vez. No Catolicismo, só a carne é proibida durante o jejum. Pão, manteiga, legumes, frutas e todos os tipos de bebidas podem ser consumidos com o jejum permanecendo intacto. Entre as Igrejas Protestantes, o jejum é opcional. Um Cristão pode jejuar individualmente como um exercício para se disciplinar. Não há regras de dieta e proibições e o tempo e o modo de jejum é deixado ao critério do indivíduo.

            Moisés(as) jejuou duas vezes na sua vida por quarenta dias. A primeira vez foi antes de receber as tábuas no Monte. (Foto: Uma vista do cume do Monte Sinai)

Depois de uma visão geral do jejum em outras religiões, passamos agora ao Islão. O jejum foi prescrito pela primeira vez no ano 2 da Hégira, quando o seguinte versículo foi revelado no Sagrado Al-Corão:

“Ó vós que credes! O jejum é-vos prescrito assim como foi prescrito para aqueles antes de vós, para que assim possais chegar a ser justos.”[7]

A isso seguiu-se o mandamento que assinalou Ramadão, o nono mês do Calendário Islâmico, como o mês de jejum:

“O mês de Ramadão é aquele em que o Corão foi enviado como uma guia para a humanidade com provas claras de direção e discriminação. Por isso, quem quer que seja dentre vós que esteja presente em casa neste mês, nela deve jejuar. Mas quem quer que esteja doente ou esteja no decurso duma viagem, esse jejuará o mesmo número de outros dias. Allah deseja dar-vos facilidade e Ele não deseja causar-vos gravame.”[8]

Assim, Ramadão do ano 2 da Hégira tornou-se o primeiro Ramadão para ser observado como o mês do jejum. O jejum é obrigatório para cada Muçulmano adulto; aqueles que estão doentes ou estão no decurso de uma viagem devem jejuar o mesmo número de outros dias, para compensar os jejuns perdidos, quando se recuperarem, ou quando se terminar a viagem. Aqueles que estão permanentemente doente, enfrentam problemas de saúde a longo prazo ou sofrem de doenças que não lhes permitam jejuar por razões médicas, são aconselhados a alimentar uma pessoa pobre para cada jejum, se eles têm condições de fazê-lo. Esta regra também se aplica no caso de mulheres grávidas e aquelas que amamentam os seus filhos. [9] Aqueles que estão permanentemente no decurso de uma viagem, como motoristas, guardas de trem, pilotos etc. não estão isentos. [10] Para os efeitos do jejum, eles não são considerados como viajantes, como viajar é a parte de sua profissão. O jejum Islâmico é observado desde o amanhecer até ao anoitecer. Os fiéis abstêm-se de comida e bebida de todos os tipos e das relações conjugais para este período. Aconselha-se a tomar pequeno-almoço antes de amanhecer a fim de evitar encargo desnecessário para o corpo e a tomar uma refeição imediatamente após o pôr do sol, Ordena-se ao crente a quebrar o seu jejum sem atraso desnecessário. O Sagrado Profeta(saw) aconselhou: “As pessoas vão continuar a ter bênçãos desde que quebrem o jejum imediatamente após o pôr do sol.”[11]

A essência do mandamento do jejum é a submissão a Deus. Em outras palavras, quando Ele ordena ‘abstenha-se’, não se deve comer; e quando Ele ordena ‘coma’, então, é preciso obedecer sem atraso desnecessário. Além disso, o ensinamento Islâmico sobre o jejum é mais prescritivo e rigoroso em comparação com algumas outras religiões. Por exemplo, em algumas religiões só alimentos cozidos ou assados são proibidos, enquanto se pode comer muita fruta e beber qualquer quantidade de água. Em certas religiões, somente a carne é proibida e todos os outros comestíveis podem ser consumidos livremente. Tais concessões estragam o propósito do jejum e a sua essência real, isto é, a abstinência de comida e bebida é ignorada. Em algumas religiões, o jejum é obrigatório somente para a liderança e não para os seguidores comuns. No entanto, o Islão ordena todos os adultos que jejuam, a isenção é devido à incapacidade apenas. As outras religiões usam principalmente o calendário solar para regular o jejum e como resultado, cada ano os seus jejuns sempre ficam nos mesmos dias fixos. Islão adota o calendário lunar para esse fim, o que significa que o jejum Islâmico se observa em todo o ano, em diferentes estações do ano durante a vida do crente; assim o ano inteiro está envolvido nesta sagrada prática. Abstinência de comida não é o único objetivo do Ramadão. O Sagrado Profeta disse:

“O jejum é um escudo, se for o dia de jejuar de alguém, ele não deve entrar em conversa obscena nem deve gritar. E se alguém lhe abusar ou brigar com ele, ele deve simplesmente dizer-lhe: ‘estou de jejum, estou de jejum.’”[12]

O Sagrado Al-Corão foi revelado pela primeira vez durante o Ramadão. Foto: Al-Corão do século 9, no Reza Abbasi Museu, Irão.

Assim, o jejum é um escudo para proteger do mal. Se alguém se entrega aos assuntos impróprios ou ações, o seu jejum é de nenhum proveito. O Sagrado Profeta(saw) ensinou: “Quem não deixa de dizer inverdades e agir falsamente, a Deus não interessa que ele deixe de comer e beber.”[13]

A pessoa que está de jejum é aconselhada a passar a maior parte do tempo a execução dos seus deveres para com Deus e a Sua criação. Ele deve dar mais atenção às cinco orações obrigatórias, juntamente com orações voluntárias como oração tahajjud (após meia-noite) etc. Ele deve esforçar-se ao máximo para ajudar os pobres e necessitados da sociedade. Desta forma, ele será capaz de alcançar o prazer de Deus. O Sagrado Profeta(saw) deu ênfase à observância da oração tahajjud durante o Ramadão dizendo:

“Quem praticar tahajjud (orações noturnas) durante o mês de Ramadão, com fé firme e com a intenção de alcançar o prazer de Deus, serão perdoados todos os seus pecados anteriores.”[14]

Aqueles que não conseguem observar orações tahajjud no Ramadão, são autorizados a realizar as orações tarawih em congregação após Isha (oração da noite). Hadrat Umar(ra), o Segundo Califa (Sucessor) do Islão depois do Profeta(saw), costumava dar volta a Madinah cada noite para verificar por si mesmo que tudo estava bem. Uma vez, quando ele estava a dar volta, ele viu pessoas a rezar na mesquita após a oração Isha no mês de Ramadão. Alguns estavam a rezar em grupos e alguns individualmente. Ele preferiu que todos rezassem atrás de um Imam, então ele nomeou Hadrat Ubayy bin Ka’b(ra) como o seu Imam. Então, uma noite, quando ele estava a dar as voltas habituais, ele viu pessoas a rezar em congregação atrás do Imam. Ele ficou satisfeito e disse: “Que bom é esta inovação” e acrescentou: “Mas a última parte da noite é melhor do que esta parte”.[15] Ele quis dizer que tahajjud é melhor do que tarawih.

O Sagrado Profetasaw disse: “Quando entra o mês de Ramadão, são escancaradas as portas do paraíso e são fechadas as portas do inferno, e os demónios são acorrentados.” [16] Esta é a excelência do Ramadão; que todos os caminhos do mal são bloqueados neste mês, de modo que a pessoa pode alcançar sem impedimento a proximidade de Deus.  Aqui surge uma questão pertinente para alguns: Se os demónios são acorrentados no Ramadão, por que é que esses vícios que são cometidos ao longo do ano, também ocorrem mesmo neste mês sagrado do Ramadão? A questão surgiu como resultado de falta de reflexão sobre as próprias palavras do Sagrado Profeta(saw). Ele diz: “Quando Ramadão entra.” Onde é que esse entra? Claramente, o que se quer dizer aqui é que quando o Ramadão entra nos corações e almas dos crentes, só então é que os seus demónios são acorrentados. O Sagrado Profeta(saw) disse uma vez: “Toda a gente tem um satanás que tenta desencaminhá-lo.” Com isso, ele foi perguntado: “Mesmo você, ó Profeta de Deus?” Ele respondeu: “Sim; mas o meu satanás submeteu-se a mim.” [17] Este Hadice ensina todos os crentes fiéis que deixam Ramadão entrar nos seus corações, que os seus demónios são inegavelmente acorrentados e não podem fazer mal a esses crentes, no entanto, outras pessoas nos cujos corações Ramadão não entra, deixam os seus demónios livre. É por isso que observamos que os vícios são cometidos tambem durante o Ramadão, assim como são cometidos nos outros meses. Em um dos Hadices Qudsi[18] o Sagrado Profeta(saw) narrou que Deus disse: “Cada ação do filho de Adão é para si mesmo, exceto o jejum, que é exclusivamente para Mim e Eu sou a sua recompensa.” [19]

Como Deus não precisa de comida e bebida, o ‘jejum’ perpétuo é o Seu, no entanto, o homem não pode sobreviver sem comida, e pode jejuar só por algumas horas. Quando um fiel, por causa do seu grande amor para Deus, deseja tornar-se como o seu Amado e tenta abster-se de alimentos, suporta as dificuldades com felicidade, desta maneira, ele atrai o amor de Deus. “Eu sou a sua recompensa” significa que o crente que jejua encontra Allah como a recompensa do seu jejum. Para diferentes boas acões o crente recebe diferentes tipos de favores; para o jejum, ele encontra o próprio Deus. Esta é uma grande excelência do Ramadão. Uma vez o Sagrado Profeta(saw) dirigiu-se aos seus seguidores, dizendo: “Ó povo, chegou-lhes um grande mês, um mês abençoado.”[20] O Sagrado Profeta(saw) usou a palavra ‘Mubarak’ (abençoado). Esta palavra foi derivada de ‘birkah’, que significa uma lagoa na qual flui água da chuva de todos os lados, deste modo Ramadão sendo um mês ‘Mubarak’ significa que este mês é uma coleção de todas as virtudes.

O Ramadão é um grande buquê dos frutos espirituais que compõe o culto obrigatório e voluntário, jejum e atos de caridade, etc. Existe ainda um gosto de Hajj vinculado. Sobre o Hajj sabemos que “não deve haver qualquer conversa impura, nem qualquer transgressão, nem quaisquer brigas durante a peregrinação.”[21]; assim é o caso do Ramadão: “O jejum é um escudo, se for o dia de jejuar de alguém, ele não deve entrar em conversa obscena nem deve gritar. E se alguém lhe abusar ou brigar com ele, ele deve simplesmente dizer-lhe: ‘estou de jejum, estou de jejum’.”[22] Aqui está um outro dito do Sagrado Profeta(saw), que chama a nossa atenção. Ele disse: “Juro por Aquele em cujas mãos está a minha vida, Khuluf (cheiro desagradável) da boca do jejuador é mais agradável a Deus do que o cheiro do almíscar.”[23] Khuluf é um cheiro desagradável. Existem dois tipos de cheiros desagradáveis que saem da boca da pessoa:

  1. O mau cheiro causado pelas partículas de alimentos para não escovar a boca após as refeições. Este não é o Khuluf referido no Hadice, porque esta impureza é abominado no Islão. Narra-se que o Sagrado Profeta(saw) disse: “Limpem os vossos dentes, limpem os vossos dentes, não me venham com os dentes sujos.”[24] Ele enfaticamente instruiu para limpar a boca após as refeições. Ele costumava limpar a boca várias vezes ao dia – não apenas duas vezes – com o galho de limpeza (miswak). Mesmo quando em jejum, ele foi muitas vezes observado limpando a boca com miswak. Ele disse: “Uma das melhores características de jejuador é a de limpar boca com miswak.”[25]O substituto para miswak é escovar os dentes com a escova de dentes e pasta de dentes, por isso o jejuador é recomendado escovar a sua boca repetidas vezes durante o jejum.
  2. O segundo tipo de cheiro desagradável vindo da boca não tem nada a ver com a sujeira. De acordo com a língua Árabe, ‘Khuluf’ é uma mudança no cheiro da boca causada pelo atraso em tomar alimentos.”[26] Assim, Arnold Ehret escreve na sua obra Jejum Racional: “Cada sadio ou doente deposita na língua um muco fedorento, assim que ele reduz a sua comida ou jejua. Isso ocorre também na membrana mucosa do estômago de que a língua é uma cópia exata.” [27]

Miswak (o galho para a limpeza dos dentes). O Sagrado Profeta(saw) usava miswak para limpar os dentes, mesmo durante a observância do jejum.

Então, devido ao jejum, a língua e estômago são afetados; enquanto a língua é limpa deste mau cheiro por escovação repetitiva, nada pode ser feito sobre o cheiro do estômago e este é o cheiro que foi mencionado no Hadice. Não é devido a impureza, mas é um resultado de se abster de alimentos. À medida que o crente sofre este, a fim de cumprir o mandamento de Deus, esse cheiro torna-se mais agradável a Deus do que a fragrância do almíscar. Basta imaginar as roupas fétidas daquele que salta rapidamente num esgoto para salvar o filho de alguém que nele caiu acidentalmente. Imagine como agradável seriam suas roupas fétidas à mãe da criança!

Os Significados da Palavra ‘Ramadan’

‘Ramadan’ foi derivada da raiz Ramd, que significa calor escaldante. O Sagrado Profeta(saw) ensinou: “Ramadan foi dado este nome, pois ele queima todos os pecados.” (28) Aquele que jejua passa por Ramadão satisfazendo todas as condições deste mês a emergir espiritualmente purificado. Ramadan pode ter sido derivada de Ramd Al-Nasl, que significa ‘colocar a ponta de lança entre duas pedras lisas e batendo-o bem, a fim de afiá-lo.’ [29] No caso do jejum, as duas pedras lisas são o amanhecer e o anoitecer, entre as quais, a alma da pessoa a jejuar é espancada por dores de fome e sede intensa e assim, está afiada. Amanhecer e anoitcer são lisas, pois os fiéis podem comer e beber nesses dois tempos e assim com uma alma afiada, os fiéis podem superar os ataques satânicos. Também, Ramadan pode ter sido derivada de Ramada Al-Tair, que significa a queima de estômago de um pássaro devido à sede intensa.[30] Assim, o pássaro voa desesperadamente em direções diferentes em busca de água para saciar a sua sede. Assim no Ramadão, o fiel também, que é um pássaro espiritual, torna-se inquieto devido à sede do amor de Deus. Ele tenta desesperadamente o máximo para procurar a água do amor de Deus e esquece-se de comer e beber e envolve-se em atos diferentes para atingir o seu objetivo. Finalmente, Deus concede-lhe o seu amor e o fiel alcança a satisfação espiritual.

I’tikaf – 10 dias de Retiro

I’tikaf significa retiro. Na terminologia Islâmica, significa retirar dos assuntos mundanos e ocupar-se na lembrança de Deus durante os últimos dez dias do Ramadão, preferencialmente viver numa mesquita. É preciso não deixar esse retiro, exceto para ir à casa de banho ou para tomar um banho. O tempo é utilizado em oração, suplicando, recitando o Sagrado Al-Corão, e refletindo sobre os seus significados interiores. Embora  se possa tirar uma soneca ou dormir durante o dia ou à noite para se refrescar, a maior parte do tempo deve ser utilizado na recordação de Deus. O Sagrado Profeta(saw) costumava entrar no seu lugar de I’tikaf no dia 20 de Ramadão, após a oração da manhã. I’tikaf termina-se com a observação do crescente do próximo mês, Shawwal, após 29 ou 30 dias do Ramadão.

Lailatul-Qadr (A Noite da Dignidade)

Durante os últimos dez dias do Ramadão, ocorre uma noite particular entre as noites ímpares deste período que é conhecida como Lailatul-Qadr nos termos islâmicos. Ela pode calhar no dia 21, 23, 25, 27 ou 29 do Ramadão. Esta noite é cheia de bênçãos como este parece ser o clímax do Ramadão e as orações são aceites muito prontamente nesta noite. Hadrat Aicha(ra), esposa do Sagrado Profeta(saw), perguntou uma vez ao Profeta(saw): “O que eu deveria dizer, se, por acaso, conhecer a noite que é Lailatul-Qadr?” O Sagrado Profeta(saw) disse: “Diz, Ó Deus meu! Tu és o mais clemente, generoso; amas perdoar, perdoe-me então.” (31) Um fiel que cumpre todas as obrigações e exigências do Ramadão com grande fervor e sinceros esforços pode ser bem sucedido em experienciar naquela noite e isto é um forte sentimento espiritual dos fiéis que lhe convence da presença da noite abençoada.

Lições do Ramadão

  1. A pessoa que jejua sente a dor da fome no seu estômago por um mês inteiro e fica a saber praticamente as agonias dos pobres na sociedade. Isto exorta-o a ajudar os pobres de todo o coração tendo pessoalmente experimentado o sofrimento deles até certo ponto.
  2. Tomar o pequeno almoço antes do amanhecer é estranho e parece ser um pouco difícil no início, no entanto esta prática treina aquele que jejua para se adaptar às circunstâncias estranhas quando em crise, ele pode ter que fazer refeição nos horários irregulares, juntamente com outras irregularidades no curso normal da vida.
  3. Aquele que jejua se abstém de até coisas legais durante o Ramadão para o prazer de Deus, por isso torna-se fácil para ele evitar atos ilícitos por causa de Deus.
  4. O jejum ensina que, para a realização dos objetivos elevados, é preciso fazer um esforço enorme e sincero.

Oramos para que Deus nos abençoe a todos, e que possamos observar o Ramadão, satisfazendo as suas condições e cumprindo todas as suas obrigações para alcançar o amor de Deus, Amin.

Escrito Por: Malik Jamil R. Rafiq é o Principal da Jamia Ahmadiyya (Instituto de Teologia e Línguas), Rabwah, Paquistão.

Tradução Por: Fazal Ahmad, Presidente e Missionário da Associação Ahmadia do Islão em Portugal

Referências

1.         Al-Corão 2:184

2.         Ashok Mehta Rajput, Sanatan Dharm (Balochistan, Gita Marg society)

3.         Sahihul-Bukhari, Kitab al-Saum, Bab: Siyamu yaumi ‘Ashura’a

4.         1 Samuel 7:6

5.         Deuteronómio 9:9-18

6.         Mateus 4:1-2

7.         Sagrado Al-Corão 2:184

8.         Sagrado Al-Corão 2:186

9.         Jami-ul-Tirmidhi, Abwab Al-Saum, Hadice 715

10.       Esta é uma regra geral. Se alguém se sentir fisicamente incapaz para suportar a abstinência, ele pode jejuar o mesmo número de outros dias; mas ele deve avaliar a sua capacidade sinceramente, temendo a Deus.

11.       Sahihul-Bukhari, Kitab al-Saum, Bab: Ta‘jil al-iftar

12.       Sahihul-Muslim, Kitab Al-siyam, Bab: Hifz al-lisan li al-Sa’im

13.       Sahihul-Bukhari, Kitab al-Saum, Bab: Man lam yada‘ Qaulazzuri wal‘amala bihi

14.       Sahihul-Bukhari, Kitab al-Saum, Bab: Man Sama Ramadana imanan wah-tisaban wa niyyatan

15.       Sahihul-Bukhari, Kitab al-Tarawih

16.       Sahihul-Bukhari, Kitab al-Saum, Bab: Hal yuqalu Ramadanu au shahru Ramadana

17.       Sahihul-Muslim, Kitab Sifatil-Qiyamati wal-jannati wannari, Bab: Tahrish al-Shaitan

18.       Hadith Qudsi significa “Hadice Sacrossanto’. Neste, Sagrado Profeta(saw) cita a palavra do Deus o Todo-Poderoso

19.       Sahihul-Bukhari, Kitab al-Saum, Bab: Fadl al-Saum

20.       Shu‘ab al-Iman, li Al-Baihaqi, Bab: Fada’il shahr Ramadan

21.       Al-Corão 2:198

22.       Muslim, Kitab al-siyam, Bab: Hifz al-lisan li al-sa’im

23.       Sahihul-Bukhari, Kitab al-saum

24.       Kanzul-Ummal, Bab: al-siwak

25.       Sunan Ibn Majah, Kitab al-Siyam, Bab: Ma ja’a fi al-siwak

26.       Lisan al-Arab sob khalafa.

27.       Arnold Ehret, Rational Fasting, (New York, Benedict Lust Publications, 1971), 7.

28.       Kanzul Ummal, Kitab al-Saum

29.       Al-Munjid, sob Ramd

30.       Al-Munjid, sob Ramd

31.       Jami-ul-Tirmidhi, Kitab al-Da‘awat ‘an Rasulillahi(saw) 

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Sermão de Sexta-Feira do Califa

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