Professor Paulo de Morais dirige-se aos milhares de fiéis da Comunidade Islâmica Ahmadia em Karlsruhe, Alemanha
PROFESSOR PAULO DE MORAIS DIRIGE-SE AOS MILHARES DE FIÉIS DA COMUNIDADE ISLÂMICA AHMADIA EM KARLSRUHE, ALEMANHA
«A Justiça e Paz são dois objetivos centrais da existência humana que caminham juntos e a par. Os Portugueses são pessoas inclusivas e não discriminatórias, que aceitam e valorizam outras culturas. A valorização do ser humano que desfruta de uma comunidade justa e vive em Paz é o único caminho para o desenvolvimento, a qualidade de vida, a felicidade individual e a realização colectiva.» Diz Professor Paulo de Morais, Presidente de Frente Cívica.
Professor Paulo de Morais dirige-se aos fiéis da Comunidade Islâmica Ahmadia em Karlsruhe, Alemanha
Professor Paulo de Morais, Presidente de Frente Cívica dirigiu-se aos milhares de fiéis da Comunidade Islâmica Ahmadia em Karlsruhe, Alemanha durante a 42ª Jalsa Salana (Convenção Anual) que se realizou entre 25 e 27 de agosto de 2017.
Depois de saudar Sua Santidade Hadrat Mirza Masroor Ahmad, Chefe Supremo, Quinto Califa da Comunidade Islâmica Ahmadia e os participantes da convenção, Professor Paulo de Morais disse:
“A Justiça e Paz são dois objetivos centrais da existência humana que caminham juntos e a par. Não pode haver justiça sem paz, nem a paz pode existir em contextos injustos.
Só a igualdade, vivida em ambientes pacíficos, permite que as sociedades se desenvolvam e cresçam, potenciem o bem-estar económico, o desenvolvimento humano e a qualidade de vida.
Todos os homens de bem, obviamente, defenderão a paz, embora nem sempre seja claro quais os meios que os podem conduzir a esse objectivo. Por outro lado, sabemos com toda a certeza (é a História que no-lo ensina) que quando há desigualdades, quando homens e mulheres sofrem de tratamentos injustos e oportunidades desiguais, a paz não será possível.
Ao longo da minha vida, tenho assumido como central na minha intervenção pública, a luta contra a corrupção. Porque é a corrupção que mina as sociedades, negando oportunidades equivalentes para todos. Porque acredito que as sociedades devem garantir os mecanismos legais que proporcionem condições e oportunidades iguais para todos, independentemente da origem social de cada um, das suas interconexões sociais e políticas. Porque acredito na igualdade de oportunidades e em sociedades justas. É para esse objectivo que luto, é esse o fim primeiro da organização cívica a que tenho a honra de presidir em Portugal, a “Frente Cívica”.
Na sociedade justa que procuramos, a diversidade social e religiosa devem ser consideradas fundamentais e defendidas com toda a força e convicção. O diálogo intercultural e inter-religioso é essencial para a paz e deve ser promovido em todos os lugares, para que as sociedades sejam ambientes pacíficos para que nossos filhos cresçam.
No entanto, sabemos que etnia e religião têm sido fatores de segregação entre os povos, destruindo famílias e sociedades. Mas só pode haver desenvolvimento se essa segregação for interrompida. Devemos encorajar o diálogo entre religiões, a aproximação entre etnias e criar redes que conectem tudo e todos. Não devemos tolerar a separação espacial porque ela provoca a distância física, afectiva e social. Com a distância social vem a falta de conhecimento e o medo do desconhecido.
A Comunidade Ahmadia, com a sua crença na paz e na justiça, a recusa permanente da violência, a procura do amor universal, a Comunidade Ahmadia – prossigo – é primordial neste processo de aproximação entre culturas e civilizações, é essencial para o reconhecimento do verdadeiro papel do Islão enquanto defensor da Paz em todo o Mundo.
Em Portugal, podemos dizer que diferentes religiões e culturas distintas convivem pacificamente. Os portugueses são pessoas inclusivas e não discriminatórias, que aceitam e valorizam outras culturas. Fazemos isso há séculos e o legado de nossos antepassados - que encontrou outros povos e culturas em todo o mundo com os Descobrimentos do século XV, “dando novos mundos ao mundo”, – esse legado ainda está muito presente. Portugal é um lugar de encontro entre as pessoas e, nesse sentido, é um lugar de justiça e paz e, espero, também pode ser um apoio resiliente para a paz e a justiça em todo o mundo.
O mundo de hoje enfrenta novos desafios económicos, energéticos, ambientais, sociais, políticos, civilizacionais – enquanto os antigos desafios permanecem sem solução. Mas nossa resposta colectiva hoje deve ser diferente: o poder das sociedades deve conseguir vencer os poderes económicos e militares. Devemos colocar homens e mulheres em primeiro lugar, diante de todos os outros valores. A valorização do Ser humano que desfruta de uma comunidade justa e vive em Paz é o único caminho para o desenvolvimento, a qualidade de vida, a felicidade individual e a realização colectiva.
Vou terminar. Num apelo final, peço a todos que considerem nas vossas preocupações e orações o meu país, Portugal. Nos últimos meses, Portugal tem sido castigado por uma vaga de incêndios aterradora, uma tragédia sem precedentes. Já morreram dezenas de meus concidadãos, muitos estão feridos com gravidade, têm sido destruídas habitações, animais têm sofrido, a floresta desaparece. Assim, peço-lhes, em particular ao Califa, Chefe Supremo da Comunidade Ahmadia, que se lembrem, nas vossas preces, de Portugal e dos portugueses. Desejo a todos uma feliz Convenção Anual. Chukria! Muito obrigado!”